10/09/2009

Ame O Rock!

Rock’n’roll é tão fabuloso, as pessoas deviam começar a morrer por ele. (...) As pessoas simplesmente devem morrer pela música. As pessoas estão morrendo por tudo o mais, então por que não pela música? Morrer por ela. Não é bárbaro? Você não morreria por algo bárbaro? Talvez eu deva morrer. Além do mais, todos os grandes cantores de blues morreram. Mas a vida está ficando melhor agora. Não quero morrer. Quero?”- Lou Reed (ex-Velvet Underground)


Anos 50, Estados Unidos um grito de liberdade serpenteia pelos céus norte americanos, como se fosse um mensageiro perdido nas sombras. Este grito de lamento foi o estopim que se transformou na maior revolução sonora da história. Da música negra veio à herança das notas melancólicas do blues e o som da guitarra elétrica do Rhythm and Blues, que se misturou o chamado country and western (música rural dos EUA), Paulo Chacon autor do livro “O Que é o Rock” compara esse gênero ao blues, na medida em que representava o sofrimento e o lamento dos pequenos camponeses.

O rock é muito mais do que um tipo de música: ele se tornou uma maneira de ser, uma ótica da realidade, uma forma de comportamento. O rock é e se define pelo seu público. Que, por não ser uniforme, por variar individual e coletivamente, exige do rock a mesma polimorfa (...). Mais polimorfo ainda porque seu mercado básico, o jovem, é dominado pelo sentimento da busca que dificulta o alcance ao porto da definição (e da estagnação...)

...a vibração negra, sua voz grave e rouca, sua sexualidade transparente e seu som pesado agora alimentado pela guitarra elétrica, tudo isso parecia bem mais atrativo a milhões de jovens, inicialmente americanos, mas logo por todo o mundo, que pareciam procurar seu próprio estilo de vida. (PAULO CHACON, O que é o Rock 1985).

Na década seguinte conhecida como os “Anos Rebeldes”, o rock entra com tudo na veia política e “anarquista”, artistas como Bob Dylan contestavam em suas letras a guerra do Vietnã. E neste enredo em 1969, foi realizado o Festival Woodstock, símbolo da transformação e inquietude dos jovens frente à inépcia de seus governos. Neste contexto já podia se perceber novas influencias musicais incorporadas ao rock, como a genialidade da banda inglesa Pink Floyd, que com seu álbum Piper at Gates Of Dawn apresenta ao mundo o “rock progressivo”, vertente do rock marcada por letras relacionadas entre si, letras profundas, arranjos complexos e acima de tudo a tentativa de não se prender a nenhum estilo ou regra predeterminada, todavia a banda extirpou as fronteiras do rock progressivo com seus experimentos musicais e audiovisuais, o Pink Floyd ajuda a inaugurar o rock experimental e auto cunhava o termo psicodelismo para definir seu estilo de música.

E em meio a este cenário de experimentos na ilha da Rainha na década de 70 nasce um rock mais agressivo e cheio de entrelinhas. Bandas como Deep Purple que foi à pioneira em experimentar junto ao rock clássico tons da música erudita, criando um som poderoso e empolgante. Tradição firmada mais tarde por bandas de heavy metal dos anos oitenta e noventa.

Black Sabbath trouxe o lado soturno do metal com imagens de demônios, ocultismo e morte, com letras e musicalidade sombrias uma das maiores e influentes bandas do cenário metal do mundo. Em 1974 o embrião da atualmente mais gloriosa banda do heavy metal mundial dava seus primeiros passos Iron Maiden, a “Donzela de Ferro”, considerada por críticos um divisor de águas entre a atual fase do rock mundial, onde se divide o mundo em dois grandes blocos o do rock dinâmico que muda a todo instante e o bloco que esta congelado e é onde o Iron Maiden reina soberana, recordes de públicos fazem parte da história da banda como na turnê Some Back in Time entre 2008 e 2009, a Donzela lotou estádios pelo mundo todo. E uma das curiosidades que assolam o mundo do metal também ocorreu com o Iron, a outrora poderosa mão da igreja católica.

“Em 1992 a Igreja Católica pediu ao governo providências contra a apresentação da banda e foi atendida. Segundo a igreja a música “Bring Your Daughter To The Slaughter” incitava o assassinato e “The Number Of The Beast” incitava satanismo e assassinatos.”


O rock de plumas e paetês se fez presente na década de 80, bandas como T-Rex e artistas como David Bowie e Alice Cooper, ousavam no visual, muito brilho nas roupas e visual andrógino fazia parte das características desta época brilhante do rock, em todos os sentidos.

Ainda em meio às décadas de 70 e 80 nasce o Punk- Rock, com músicas mais rápidas na sonoridade e no tempo, (algumas músicas dos Ramones, Principal influencia Punk nos EUA, tem apenas 2 minutos) o punk rock caracteriza-se pela fase “anarquista” atacando à tradição e a autoridade, bandas como a inglesa Sex Pistols incitavam a platéia em seus shows “Eu aposto que vocês não nos odeiam com a mesma intensidade com que nós odiamos vocês!” como cita o autor do livro Rock and Roll: uma História Social - PAUL FRIEDLANDER

Com a chegada da internet, e milhares de novas tecnologias, as pessoas estão tornando-se mais individualistas, e é nesse mundo moderno e “anti-social” que nasce o movimento emo-core, com letras com tons adolescentes e sem o conteúdo político e contestador que marcou o gênero em décadas passadas, e ainda esta presente em muitas bandas, mas este novo rock é voltado para adolescentes “descomprometidos”, mas segundo analisa o produtor Carlos Eduardo Miranda no documentário O Rock Brasileiro – História em imagens “Esse fenômeno não surgiu forçado por radio nem por gravadora. Se eu gosto ou não tanto faz. Mas veio do underground é da molecada e veio da internet.

“O rock’n’roll é a todo o momento bombardeado por novos experimentos que se tornam geniais ou não, depende de como e onde estes testes musicais são inseridos, com o advento da internet podemos compor e musicar em segundos milhares de músicas, mas o importante é sabermos primar pela qualidade delas”