17/07/2010

Ei Você!

Ei você, sentado nu ao telefone.

Você poderia me tocar? Queria que você estivesse aqui.

Correndo sobre este mesmo velho chão. Os mesmos velhos medos, céus azuis da dor.

Mas ninguém sabe o que eu fiz hoje.

Nossos olhos desgastados ainda fitam o horizonte.

Alcançamos as alturas inebriantes daquele mundo de sonhos.

Enclausurado para sempre por desejo e ambição.

Estou me tornando confortavelmente entorpecido.

Somente te vejo chegando por entre ondas.

A festa de palhaços lá fora. O lado negro da Lua.

Olhe em volta.

Escolha seu próprio chão.

Você corre na direção de uma precoce sepultura.

O velho homem morreu.

O lunático está no corredor. Você grita e ninguém parece ouvir.

Implore, empreste ou roube.

Venha, seu desconhecido, sua lenda.

Você chorou para a lua.

Do triunfo de ontem!

Ninguém sabe onde você está.

Seco como um tambor fúnebre.

Por que você está fugindo?

Noite após noite, nós fingimos que está tudo bem.

Um vôo de fantasia num campo varrido pelo vento.

Respire.

Cave esse buraco, esqueça o sol.

Batendo em seu coração alguns vagabundos malucos.

Eu estou velho, é tarde de mais.

Então você?

Quem deixou toda essa escória entrar?

Arrastando atrás de ti uma censura silenciosa.

Não há nada que você possa dizer.

Tudo em tudo era apenas um tijolo na parede.



Homenagem ao Dia Mundial do Rock - Frases Extraidas de Letras do Pink Floyd

04/07/2010

Noite

Foto Ivanir França Fotos, ilusões, vozes em sua cabeça, solidão inebriante, embriaguez suicida, saudade palpável.

Mais uma triste história, bêbados imundos e a solidão se amam envolvidos ao céu.

A avidez da noite apaga qualquer sinal de vida em seus olhos.

Depara-se com a conseqüência de uma estrada sem fim, apenas placas indicam: “você esta sozinho”.

A dança de suas lagrimas, em fumaças sibilantes, alteram as imagens que os olhos já calejados pela luz negra soturna, persistem em analisar.

As ilusões parecem notas musicais em uma melodia melancólica e atenuante.

É extremo o desejo de tocar em uma destas notas que circulam em espiral em volta do seu olhar, à estética das palavras se retorce em pequenas criaturas, a vida em poucos léxicos.

Saúdas o que não é real, loucos varridos atuam em meus pensamentos insistem em vagar de um lado para outro, como se estivessem presos a um pêndulo surreal.

A volta de velhas fotos em seu olhar, se transformam em pequenas partículas do que ainda não se foi.

Uma megalomaníaca de cordas atravessa o quarto em transpassados gritos que rasgam a tudo o que parece tentar tocar-te.

Seus espinhos translúcidos continuam ali por horas teimando em mostrar que: de tudo que vive tudo que grita tudo que toca, ela não poderá ser tocada, pois esta em suas mãos, mas não é real.

Tudo é palpável, até mesmo Satolep, faz sentido agora, mas tudo o que esta em seu alcance agora não faz sentido, sentir o sabor amargo e agridoce de melodias jamais ouvidas o tornam intocável.

Mas a procura louca e exasperada não é alcançada.

Mais uma madrugada sozinho, cansado e com frio vai passar aos poucos, e o mergulho nessa escuridão não tem razão, uma trégua é pedida, gritos esfomeados, lucidez completa, abruptamente esqueça-se da luz.

O que foi feito não importa, será feito talvez, o mergulho não cessa, a guerra não cessa.

“Pare” vamos sumir acompanha uma voz ao lado, vendaval, Lênin procura por ti.

A avidez noturna torna-se inúbia, atinge em cheio tudo.

Malditos.

Vem outra voz, esquia pede, pois tudo pulsa em um imenso real.

Vazio.

Não importa o que vai ser feito.

Mais gritos, portas rompem o planeta inexistente.

Vozes aos milhões contorcem e distorcem.

O real não existe mais, a megalomaníaca continua brincando rasgando tudo que ousa tocá-la, ouvi-la, nada mais é tolerante.

Fecho os olhos, a queda cessa............mil palavras,lucidez completa.

Depois silêncio.

02/07/2010

Partes Distantes

Preocupação de poucos, a ternura desvia-se em veias outrora alavancadas pela solidão, o caminho é obscuro e tortuoso, porem ao mesmo tempo ele é recompensador.

A vida em partes distantes que ninguém pode tocar, a mente reflete apenas insanidades sociais.

Onde? Por quê? Não importa, nada satisfaz nessa hora.

A mecânica julgada própria é esta.

Não pode desviar, ultraja ao longe uma voz grave e promiscua.

Maravilhoso novo mundo é este? Somos egressos de um povo surreal.

Caretas estranhas buscam a todo instante insultar sua completa e insalubre lucidez.

Não se vê mais luz, por onde passa por onde olha tudo esta caindo, seus olhos traiçoeiros o apagam, de sintonia.

Uma parede aginganta-se a sua frente. Aquela voz em seu cérebro, penetra como faca, já não pode manter o controle de si, mãos sibilantes, deslizam por seu corpo como se fossem serpentes procurando sufocar sua presa.

Trovões não iluminam, mas apagam sua visão saturada das imagens que não quer mais ver.

A escuridão o faz esquecer-se da luz.

Mulheres se insinuam a você a todo instante.

Desejo? Loucura? Lucidez? Sua mente prega-lhe mais peças, cada vez mais jocosas.

Você é uma criança indefesa frente ao que o real lhe apresenta como verdade.

Você não quer ver, não quer tocar mais és patético nada que faça a deterá sua mente é infinitamente poderosa.

Gritos sufocam seu pedido de escárnio, longínqua e esquálida, torna-se sua vida.

A porta se abriu pela ultima vez, mas o caminho é feito de idéias insanas e versos sem rima.

O sonho existe.

Aos poucos seus olhos vão se abrindo, a escuridão já esta se dissipando.

Toques melodramáticos ainda afundam em sua mente “o mundo é teu, como escreve o seu nome, me diga, me diga?”.

Jardins mortos, e corpos insinuantes entre a ventania de seus pensamentos.

Mentiras, espinhos, não enxergas, o caminho estas a sua frente basta tocá-lo. E se você pode me olhe?