07/06/2011

Uai! Sô! Uma Visão Mineira do Transporte Coletivo Mané


Jaqueline Ferrari, morena em torno de um metro e 70, pernas torneadas desenham-se através do vestido, olhos negros brilhantes e lascivos, sorriso perfeito e safado. A moça após alguns goles de cerveja e papo cotidiano entoa: “Eu me assumo sou puta e sou feliz”. Logo espontaneamente ela desabafa as mazelas e os benéficos ossos do ofício.

O papo vai fluindo, das entranhas de Belo Horizonte, onde ela iniciou-se na carreira. Sente saudades da família e da comidinha mineira, lembranças estas que disparam um timer de “UAI” e “SO” que deixam a conversa um tanto engraçada.

 Despida de preconceitos, Jaque mostra-se politizada e preocupada com a mobilidade urbana da capital Catarina. Profunda conhecedora das intimidades humanas, relacionadas à sua profissão, inicia um relato de perversões e injurias protagonizadas na casa de massagem ou “zona como se diz lá em minas” fala ela rindo. 

“Por falar em minas ‘uai’, lá eu achei que não ia dar conta, era muito homem. Um entra e saí frenético, eu até parecia uma Bruna Surfistinha preta”.  Segundo ela o que a difere da ex-companheira que foi parar em um papiro literário, é que eu sou muito mais gostosa, ironiza ela com um sorriso de canto.

Desde sua chegada a ilha da magia, ela reside no Ribeirão da Ilha e trabalha no centro, o problema para ela não é a distância entre o sul ilhéu até o centro, mas sim, a “puta sacanagem do transporte público”. Entre as comparações inevitáveis entre os enlatados humanos mineiros e Florianópolitanos, está à integração desintegrada insular.

Ela conta que em BH os ônibus estão em péssimas condições de uso, mas a integração funciona e embora a capital mineira tenha quase seis vezes a população de Florianópolis. Uma alternativa encontrada são as vans e os microônibus, que desafogam o sistema público e o tráfego.

Para ela, o que falta é uma boa dose de empregabilidade dos planejamentos sobre o transporte público, que nunca saem das gavetas da prefeitura. Ela pega a bolsa, um verdadeiro cinto de utilidades, chama o garçom, paga a conta e pela primeira vez na noite não mostra o seu sorriso ao lamentar “tenho que pegar o ônibus”.

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